Semanalmente o GEPA recebe chamados para socorrer animais pelos mais diversos motivos. Por vezes é um cão que foi atropelado, uma cachorra que deu cria e não tem dono, um animal que está sofrendo maus tratos, enfim, os mais diversos motivos.
Mas na segunda-feira do dia 5 de Dezembro, o motivo foi outro. Fomos chamados para fazer algo por um cão abandonado na beira da estrada, no trecho da rua Ernesto Dornelles depois do calçamento, em frente a um armazém. Os proprietários do armazém estavam tentando alimentá-lo e hidratá-lo. A Francisca, não suportando mais vê-lo naquela situação, ligou para mim, pois não tinha mais a quem recorrer. Me dirigi até o local e a cena que vi foi a mais comovente e chocante com que me deparei nesses dois anos de GEPA. Um cão Capa Preta, com vários tumores pelo corpo ( um já tinha estourado), estava deitado embaixo de uma árvore (gesto de compaixão da Francisca, senão estaria no Sol). Inclinei me junto a ele profundamente penalizada e envergonhada, pois um ser da mesma espécie que eu era o autor de tamanha ingratidão e covardia. Estava com insuficiência respiratória. Tentei colocá-lo em uma posição mais confortável, mas as dor que ele sentia era tanta que olhava para mim e tentava com a boca impedir que o tocasse. O que mais poderia fazer por ele a não ser providenciar num gesto de misericórdia, a sua eutanásia.
Era um cão idoso, cujo pelo saia fácil em minhas mãos, seu porte era grande, característica de sua raça, estava com poucos dentes, afinal os anos certamente já pesavam em seu corpo. Confesso que chorei, e muito. Seu olhar era uma súplica , fiquei passando a mão em sua cabeça, conversando com ele amorosamente, para que seu último olhar contemplasse um ser humano que se compadecia de sua partida daquela forma tão cruel e ingrata. Em sua juventude deve ter sido um animal lindo, pois sua face ainda tinha resquícios de sua beleza. Fiquei me perguntando: Quantas vezes esse animal não protegeu seu dono? Quantas noites ele não ficou alerta para salvaguardar a propriedade de seu dono ? E no final de sua vida, quando mais precisava de ajuda, foi abandonado para morrer em uma agonia sem fim.
Como classificar um ser humano capaz de uma crueldade dessa? Poderíamos reunir todos os piores adjetivos para qualificá-lo, mas a única coisa que me passava pela mente era: Que triste alma habita o corpo de quem fêz isso.Alma perdida nas sombras de sua maldade , que percorre um pântano perigoso e que provavelmente o levará a um destino de resgate de sua inominável falta de misericórdia. Quando não há mais nada a fazer por um animal, só nos resta num ato de bondade, abreviar seu sofrimento.
Para o GEPA, cada ato desses nos causa dor, indignação e repúdio, assim como para todas as pessoas de bem. Mas, nos dá cada vez mais , a certeza de que os animais precisam da nossa voz, do nosso empenho e da nossa luta em nome deles. Seguimos na fé, de que a única forma de combater a maldade é espalhando o bem.
Maria de Fátima Carvalho Silveira
Homo sapiens- nome científico da espécie humana, sapiens de sapiência, conhecimento, sabedoria...?????? Será? Onde? Como? Quem somos nós para nos rotularmos assim se somos capazes de crueldades inimagináveis dentro de um conceito de vida... Essa espécie que se diz evoluída, é a única que mata por matar, rouba, corrompe, estupra, mente descaradamente, poluí o ar a terra a água, o seu próprio meio do qual tira a sua subsistência, destrói a vida. E se diz evoluída...meu Deus...as vêzes tenho vergonha da minha própria espécie, triste figura... A arrogância, a covardia por ai campeiam, deixando seu rastro da miséria humana.
ResponderExcluirQual o limite para o mal? Vendo a fotografia acima, eu respondo, Acho que nenhum...triste e covarde pessoa que cometeu tal ato, digna de pena, seé que ela merece tal sentimento... Mas Deus tudo vê... até o último fio de cabelo será contado...está escrito no Evangelho, nada, mas nada mesmo passa despercebido aos olhos do Grande Arquiteto do Universo!!! Me curvo perante ao cão e peço desculpas por existirem pessoas da minha espécie capazes de tamanha covardia.
Obrigado Cristiana. És um grande ser humano.Sábias palavras as tuas.
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